O Governo vai assinar na próxima sexta-feira o contrato de concessão com a Repsol para a prospecção e exploração de gás na costa algarvia, revelou hoje o secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes.
“Na próxima sexta-feira vai ser assinado o contrato com a Repsol para a exploração na zona do Algarve”, afirmou Henrique Gomes durante uma conferência promovida pela Ordem dos Engenheiros sobre “Energia e Competitividade”.
De acordo com o secretário de Estado da Energia, será assim dada “luz verde” à Repsol para iniciar a prospecção “offshore”, podendo os trabalhos de pesquisa ao largo da costa algarvia durar oito anos.
Henrique Gomes lembrou que Portugal já tem em curso trabalhos de exploração petrolífera, nomeadamente as campanhas de prospecção e estudos sísmicos ao largo de Peniche e do Alentejo, envolvendo a Galp, Petrobras e Partex.
O governante esclareceu ainda que para já o Executivo nada tem previsto quanto à potencial exploração e pesquisa de gás de xisto, um recurso que em várias partes do globo tem sido alvo de investimento por parte das maiores petrolíferas do mundo.»
In, Jornal de negócios online
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«Energia: Portugal "está cego" em relação à exploração dos recursos de gás no Algarve - Presidente da Partex
Publicado em 29 de Setembro de 2010
"Há uma correlação muito forte da Bacia do Algarve com a Bacia de Cádis, em Espanha. Em Cádis, a Repsol produziu o campo Poseidon. E nós no Algarve podemos ter reservas 20 vezes maiores que esse campo, suficientes para 12 ou 15 anos do consumo do país. É significativo, mas infelizmente a Repsol ganhou o contrato há oito anos e o contrato não foi assinado pelo Governo português", disse hoje António Costa Silva.
O presidente da Partex, que falava numa conferência sobre exploração de petróleo nas duas margens do Atlântico, hoje em Lisboa, considerou que se trata de "uma situação incompreensível" a todos os níveis.»
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«Reservas de gás no Algarve
O Algarve tem reservas de gás para 15 anos de consumo.
António Costa Silva, presidente executivo
da Partex Oil &gás numa entrevista ao Expresso (25 de Setembro
2010), refere que as reservas de gás natural existentes no offshore
algarvio são 20 vezes maiores do que as identificadas na costa
espanhola. A sua exploração reduziria a fatura energética de Portugal em
mais de 100O milhões de euros por ano.
Em relação ao enquadramento geológico, ainda segundo a Partex Oil & gás há uma correlação grande entre a geologia do offshore de
Portugal e a da zona da Terra Nova, onde há reservas de quase 1OOO
milhões de barris de petróleo. A empresa nortea mericana Paxton
perfurou um poço no offshore português e o óleo encontrado é muito semelhante ao da Terra Nova. Se analisarmos as descobertas no offshore da Mauritânia, também encontramos similaridades com a costa portuguesa.
“Desde 2002, quando o concurso terminou,
a Repsol apresentou-se a concurso, é um concurso internacional aberto, a
Repsol ganhou e hoje estamos senão me engano em 2010”, ironizou o
especialista em pesquisa de gás natural e petróleo, questionando o
Governo sobre o porquê de até agora não ter assinado o contrato.”A 40
quilómetros da costa algarvia existem reservas de gás natural
suficientes para cobrir o consumo interno de Portugal durante 15 anos”,
estimou António Costa da Silva.
O Algarve, segundo estudos divulgados,
tem potencial elevado para gerar gás, com uma capacidade cerca de 20
vezes superior às reservas que foram encontradas nos campos do Golfo de
Cádiz, em Espanha. António Costa da Silva recorda que na “bacia do
Algarve existem os diferentes componentes para procurar gás natural”.
Existem rochas geradoras de
hidrocarbonetos, armadilhas estruturais, rochas reservatório, há
migração dos fluidos e já foram perfurados cinco poços no passado,
recordou o especialista, acrescentando que valeria a pena perfurar no
deep offshore (nas águas profundas) e desenvolver o projeto, porque os
riscos associados são “pequenos e os benefícios para o Algarve e país
seriam enormes” defende o administrador da Partex.
Recorde-se que a exploração de
hidrocarbonetos na costa algarvia, um assunto falado há mais de 15 anos,
teve em 2007 desenvolvimentos, quando o Governo firmou em Janeiro desse
ano três contratos com um consórcio composto pela empresa australiana
Hardman Resources e pelas empresas portuguesas Partex e Galp,
concessionando a pesquisa e exploração de hidrocarbonetos ao largo da
Costa Vicentina. Já a concessão ao largo da ria Formosa, a que concorreu
um consórcio liderado pela empresa espanhola Repsol, também deveria ter
sido assinado naquele ano, alegadamente sem concurso público.
O assunto foi levado ao Parlamento pelo
líder regional do PSD, Mendes Bota, que afirma não existirem garantias
de que a região seja indemnizada, em caso de um acidente ou desastre
ambiental. “Há apenas um seguro que retira uma pequena percentagem do
orçamento anual das companhias petrolíferas, mas que de maneira nenhuma
cobre os prejuízos em caso de catástrofes”, referiu na altura o deputado
social-democrata, para quem a região vai ficar numa posição de alto
risco e ainda mais vulnerável a acidentes ecológicos com consequências
desastrosas, uma vez que “já passam centenas de petroleiros pela costa
da região, mas com estas explorações vão passar muitos mais e o risco
vai ser agravado”.
Acidente Ecológico ou benefício “entre 1 400 a 1 500 milhões de euros por ano”?
“Mapear os recursos naturais em Portugal”
é, pelo seu lado, o concelho que António José Silva deu ao Governo,
referindo que a estimativa de gás que se poderia retirar do Algarve
pouparia ao país “entre 1 400 a 1 500 milhões de euros por ano”.
Em sua opinião, gerar emprego ou diminuir
a dependência energética de Portugal em relação ao exterior são outros
dos benefícios que poderiam advir da descoberta de gás natural ao largo
do Algarve.
“O país paga uma fatura energética
elevada e não podemos esquecer que cerca de 15 por cento tem a ver com
importações de gás natural”, sustentou no colóquio em Loulé o
administrador da Partex, que pertence à Fundação Calouste Gulbenkian.
“Os espanhóis exploram gás natural desde
1976 no Golfo de Cádiz, mas Portugal, ao nível do seu posicionamento
estratégico, tem fragilidades e não conseguimos projetar o país a 20 a
30 a 50 anos”, lamentou, afirmando que o Estado “tem uma missão de
soberania para explorar os recursos”, porque Portugal tem das “maiores
zonas económicas exclusivas do mundo com recursos mapeados”.»
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