Carta aberta aos senhores professores e senhoras
professoras:
Peço imensa desculpa por incomodar o(a)s professore(a)s
neste momento em que muito atarefados andam com reuniões e lançamento de dados
de alunos em sistemas informáticos e plataformas lentas como “a lesma”.
Hoje à tarde tive de entregar um documento, em formato
papel, de matrícula na secretaria de um agrupamento escolar no Algarve,
Portugal, necessário para que o processo actual de matrícula, iniciado por mim
via on-line no dia de ontem, na NOVA plataforma do “Portal das matrículas”, venha
a ser concluído pelo pessoal administrativo, claro está, logo que o novo e tão
apregoado sistema informático funcione.
Enquanto encarregada de educação não acho normal que o
ministério de educação invista numa plataforma que:
1.º - logo à partida, ou seja, no que era suposto ser o dia
inicial de matrículas, dia 26 de Junho de 2020, tenha começado disfuncional,
que no antepenúltimo dia tenha estado lenta e sem capacidade de concluir os
processos de matrícula (como foi o meu caso) e que no penúltimo dia (hoje) tenha
estado parada, com a agravante de amanhã ser o último dia de matrículas;
2.º - não informa previamente as escolas, na pessoa do(a)s
sr(a)s. director(a)s dos agrupamentos, para esclarecerem os encarregados de
educação, com a devida antecedência, ou seja, pelo menos uma semana e meia
antes do início do período de matrículas, de que deviam adquirir um leitor de
cartão de cidadão ou de que deviam ter pedido uma "chave móvel
digital", via on-line, à autoridade tributária, que de início contém um
pin numérico temporário e é enviada via CTT pela designada autoridade fiscal.
Também seria bom explicarem aos encarregados de educação que cada mensagem de
segurança recebida após introdução do tal PIN é cobrada com IVA, portanto um
sistema que é lento e dá erro é bom para a A.T., é IVA sempre a entrar, isto
para não falar no restante custo, associado ao “calvário” de efectivação de
matriculas escolares no ensino público, quer o custo em termos fiduciários quer
no custo da paciência de quem tenta formalizar uma matrícula num portal da
"idade da pedra";
3.º - não tem em conta a importância do número do processo
escolar do aluno, o processo correspondente à vida escolar do aluno, no seio da
escola pública, e que atribua um novo número de processo ao processo escolar do
aluno que já tem um número. Não é o (número) processo escolar do aluno que tem
de se adaptar aos programas informáticos, às plataformas informáticas, a cada
mudança ou actualização de plataforma informática, programa informático, portal
informático, definido por quem está à frente do ministério da educação.
Se o ministério da educação ditar ao longo de um ano lectivo
a necessidade de meia dúzia de plataformas informáticas então isso significa
que o mesmo aluno terá meia dúzia de novos números de processos escolares
atribuídos. Isto é perigoso, estamos perante “areias movediças” e é a porta
para um dia os números de identificação civil, os NIF, etc. serem mudados a
cada nova plataforma, a cada novo portal, a cada novo programa, etc. e o que me
pasma mais é o facto de existirem professores que têm filho(a)s, que têm
sobrinho(a)s e estão vendo o que se passa e não agem. É pena porque sois vós os
professores que educais, formais toda a sociedade, desde o jardim-de-infância
até ao ensino superior e profissional. Se existem advogados, médicos,
professores, jardineiros, cozinheiros, canalizadores, electricistas,
cientistas, etc. é porque foram educados, preparados, numa escola, numa
universidade POR PROFESSORES.
Vós actuais senhores professores estais a deixar que o abuso
de poder, a ocultação, a maquilhagem, o crime, legalizado por diploma
legislativo, vença.
Quanto à plataforma do INOVAR, que há anos usamos, por
dizer: cada vez que entrei na dita plataforma o meu PC sempre me avisou que não
era uma plataforma segura, ou seja, uma plataforma onde constam dados pessoais
dos alunos e respectivos encarregados de educação nunca foi segura.
Portanto senhores professores termino referido o seguinte:
O processo de matrícula dos alunos devia ser seguro, eficaz,
rápido e os dados protegidos, algo que um PIN numérico o não faz, os
programadores sabem disso, tal como sabem que não há palavras pass que protejam
os sistemas informáticos principalmente quando a gula de sacar informação se
alevanta.
As matrículas deviam ser feitas nas escolas, nos
agrupamentos em rede interna.
Estou muito triste por assistir à degradação do meu querido
e amado país, o mais antigo da Europa a fazer asneiras a torto e a direito, os
cidadãos pacíficos, conformados, tudo aceitam, "estão na aldeia e não vêem
as casas", estão perante um precipício e estão de olhos vendados.
Senhores professores estamos indo no caminho errado, resta
saber a quem o(s) governo(s) têm comprado, alugado ou o que lhes valha, as
ditas plataformas, no caso actual o novo “Portal das matrículas” que mais
parece “um velho” em fim de vida a dar o ultimo suspiro a quem se oferece um Porsche
ou um lamborghini som motor.
Grata pela atenção