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quinta-feira, julho 02, 2020

O NOVO PORTAL DAS MATRÍCULAS do ministério da Educação de Portugal

Carta aberta aos senhores professores e senhoras professoras:

Peço imensa desculpa por incomodar o(a)s professore(a)s neste momento em que muito atarefados andam com reuniões e lançamento de dados de alunos em sistemas informáticos e plataformas lentas como “a lesma”.

Hoje à tarde tive de entregar um documento, em formato papel, de matrícula na secretaria de um agrupamento escolar no Algarve, Portugal, necessário para que o processo actual de matrícula, iniciado por mim via on-line no dia de ontem, na NOVA plataforma do “Portal das matrículas”, venha a ser concluído pelo pessoal administrativo, claro está, logo que o novo e tão apregoado sistema informático funcione.

Enquanto encarregada de educação não acho normal que o ministério de educação invista numa plataforma que:

1.º - logo à partida, ou seja, no que era suposto ser o dia inicial de matrículas, dia 26 de Junho de 2020, tenha começado disfuncional, que no antepenúltimo dia tenha estado lenta e sem capacidade de concluir os processos de matrícula (como foi o meu caso) e que no penúltimo dia (hoje) tenha estado parada, com a agravante de amanhã ser o último dia de matrículas;

2.º - não informa previamente as escolas, na pessoa do(a)s sr(a)s. director(a)s dos agrupamentos, para esclarecerem os encarregados de educação, com a devida antecedência, ou seja, pelo menos uma semana e meia antes do início do período de matrículas, de que deviam adquirir um leitor de cartão de cidadão ou de que deviam ter pedido uma "chave móvel digital", via on-line, à autoridade tributária, que de início contém um pin numérico temporário e é enviada via CTT pela designada autoridade fiscal. Também seria bom explicarem aos encarregados de educação que cada mensagem de segurança recebida após introdução do tal PIN é cobrada com IVA, portanto um sistema que é lento e dá erro é bom para a A.T., é IVA sempre a entrar, isto para não falar no restante custo, associado ao “calvário” de efectivação de matriculas escolares no ensino público, quer o custo em termos fiduciários quer no custo da paciência de quem tenta formalizar uma matrícula num portal da "idade da pedra";

3.º - não tem em conta a importância do número do processo escolar do aluno, o processo correspondente à vida escolar do aluno, no seio da escola pública, e que atribua um novo número de processo ao processo escolar do aluno que já tem um número. Não é o (número) processo escolar do aluno que tem de se adaptar aos programas informáticos, às plataformas informáticas, a cada mudança ou actualização de plataforma informática, programa informático, portal informático, definido por quem está à frente do ministério da educação.
Se o ministério da educação ditar ao longo de um ano lectivo a necessidade de meia dúzia de plataformas informáticas então isso significa que o mesmo aluno terá meia dúzia de novos números de processos escolares atribuídos. Isto é perigoso, estamos perante “areias movediças” e é a porta para um dia os números de identificação civil, os NIF, etc. serem mudados a cada nova plataforma, a cada novo portal, a cada novo programa, etc. e o que me pasma mais é o facto de existirem professores que têm filho(a)s, que têm sobrinho(a)s e estão vendo o que se passa e não agem. É pena porque sois vós os professores que educais, formais toda a sociedade, desde o jardim-de-infância até ao ensino superior e profissional. Se existem advogados, médicos, professores, jardineiros, cozinheiros, canalizadores, electricistas, cientistas, etc. é porque foram educados, preparados, numa escola, numa universidade POR PROFESSORES.
Vós actuais senhores professores estais a deixar que o abuso de poder, a ocultação, a maquilhagem, o crime, legalizado por diploma legislativo, vença.

Quanto à plataforma do INOVAR, que há anos usamos, por dizer: cada vez que entrei na dita plataforma o meu PC sempre me avisou que não era uma plataforma segura, ou seja, uma plataforma onde constam dados pessoais dos alunos e respectivos encarregados de educação nunca foi segura.

Portanto senhores professores termino referido o seguinte:

O processo de matrícula dos alunos devia ser seguro, eficaz, rápido e os dados protegidos, algo que um PIN numérico o não faz, os programadores sabem disso, tal como sabem que não há palavras pass que protejam os sistemas informáticos principalmente quando a gula de sacar informação se alevanta.

As matrículas deviam ser feitas nas escolas, nos agrupamentos em rede interna.

Estou muito triste por assistir à degradação do meu querido e amado país, o mais antigo da Europa a fazer asneiras a torto e a direito, os cidadãos pacíficos, conformados, tudo aceitam, "estão na aldeia e não vêem as casas", estão perante um precipício e estão de olhos vendados.

Senhores professores estamos indo no caminho errado, resta saber a quem o(s) governo(s) têm comprado, alugado ou o que lhes valha, as ditas plataformas, no caso actual o novo “Portal das matrículas” que mais parece “um velho” em fim de vida a dar o ultimo suspiro a quem se oferece um Porsche ou um lamborghini som motor.

Grata pela atenção